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A copa dos dragões de Canaã dos Carajás

A 1º Copa Dragons de Jiu-Jitsu coloca Canaã dos Carajás no mapa dos maiores eventos regionais de artes marciais

Publicada em 15/12/24 às 23:25h - 84 visualizações

por : Charles Brow Dias


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 (Foto: Higor Eleutério)

Já passava das 08h40 quando o pai de Nerine Mi França entrou bruscamente no quarto da garota: "Acorda, acorda, vamos chegar atrasados!"

Devido ao despertador do celular de seu pai não ter sido programado corretamente, a pequena praticante da "arte suave" viu seu plano de acordar cedo e chegar ao ginásio antes do início da Copa ir por água abaixo.

A Copa

A 1ª Copa Dragons de Jiu-Jitsu aconteceu na manhã do último sábado, 14 de dezembro, no ginásio poliesportivo do Residencial Canaã. O evento reuniu praticantes de dois grandes projetos esportivos em atividade no município de Canaã dos Carajás: o do Residencial Canaã, em funcionamento desde 2021, e o da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), iniciado em maio de 2024.

Aos participantes como espectadores, foi solicitada a doação de 1 kg de alimentos não perecíveis em benefício de uma entidade local.

Jiu-Jitsu, que significa "arte suave", é uma luta milenar na qual o atleta busca controlar o oponente com golpes. A intenção é imobilizar o adversário por meio de técnicas de torção ou estrangulamento para finalizar o combate. O esporte é considerado uma das artes marciais mais complexas, pois nele não são permitidos chutes ou socos, e a execução de seus movimentos exige rapidez e precisão.

Foto Higor Eleutério

A Chegada

Depois de muita correria, Nerine chegou ao evento. Seu atraso a impediu apenas de participar do aquecimento dos atletas. Sua trajetória nas artes marciais começou em maio, e ela tem o mérito de ser a primeira criança a ser matriculada nas aulas de Jiu-Jitsu da APAE, onde é acompanhada desde 2020 devido à condição de ser portadora de uma doença hereditária chamada Anemia Falciforme.

Nerine será uma das muitas crianças que receberão suas graduações naquele dia, e no caso dela, será a primeira. Além da graduação, os participantes competirão por medalhas nas lutas que acontecerão ao longo da Copa.

O Idealizador

O principal responsável pela realização do evento é Marcelo Rodrigues Eleutério, um homem de 50 anos, praticante da "arte suave" há 25 anos. Desde que chegou a Canaã dos Carajás, em 2013, Eleutério tem inserido crianças, jovens e adultos no mundo das artes marciais. De acordo com ele, está se preparando para iniciar um projeto que ensinará Jiu-Jitsu para idosos em 2025.

Marcelo contou em entrevista que, durante sua juventude, usou drogas e viveu sem perspectivas de futuro. O fundo do poço chegou quando ele perdeu a total confiança de seus familiares. No entanto, a luz no fim do túnel apareceu na forma de um amigo que lhe apresentou o esporte que mudaria sua vida.

“Eu costumo dizer que três 'jotas' mudaram a minha vida: Jiu-Jitsu e Jesus. Antes de conhecer esses três 'jotas', eu era uma pessoa sem crédito, usuário de droga química, e meus pais não confiavam em mim. Foi através de um amigo que me apresentou esse esporte que vi uma oportunidade de mudança”, comentou Eleutério.

Atualmente, Marcelo Eleutério comanda a associação esportiva Eleutério Combat, que, segundo ele, é a única da região com parceria direta com a APAE.

Ansiedade

Agora, Nerine aguarda o momento de sua luta. Há poucos minutos, ela recebeu emocionada sua primeira graduação, enquanto sua família a aplaudia com alegria do lado de fora da quadra. Agora, a ansiedade a invade novamente, pois a conquista de sua primeira medalha depende do seu desempenho na luta que está por vir.

Foto: Charles Brow

Participação

A plateia do evento foi composta principalmente por pais e amigos dos atletas presentes. Dentro da quadra, além do mestre Eleutério, estavam alguns instrutores, juízes e jurados, identificados pela cor de seus quimonos. Enquanto o traje de luta dos competidores era preto, os deles variavam entre azul e branco.

A participação dos pais e familiares foi, sem dúvida, um show à parte. À medida que os atletas eram chamados para receber a graduação ou lutar, era possível ouvir gritos estridentes de apoio vindos da arquibancada do pequeno ginásio. Alguns, não contentes em assistir da arquibancada, foram até a quadra para acompanhar de perto seus filhos ou filhas. Uma das mães que esteve presente na quadra, ao lado do filho, foi Rosana Ferreira Menezes, dona de casa de 37 anos.

O filho de Rosana, Kenned Gabriel Menezes, de 14 anos, é uma das cerca de 2 milhões de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ele é acompanhado pela APAE há três anos, e foi lá que surgiu a oportunidade para ele se tornar praticante de Jiu-Jitsu.

“No início, tive receio pelas limitações do meu filho, mas, ao conversar com o professor Marcelo e sua esposa, dona Rose, eles me explicaram o que fariam e que nada os colocaria em risco”, lembrou Rosana Ferreira. Ela também comentou que o rapaz melhorou muito na escola após iniciar as aulas de Jiu-Jitsu.

O evento também contou com a presença de Renata Vilena dos Santos, de 23 anos, representante da Construtora Barbosa Mello (CBM), empresa que patrocinou o evento.

“Estamos apoiando o projeto com materiais que estão sendo utilizados hoje, como faixas, banners e outros itens de comunicação”, disse Renata Vilena.

A Luta

Quando o juiz deu o sinal para o início do combate, Nerine Mi França segurou os braços estendidos de sua adversária na altura dos tríceps, e a outra criança respondeu com o mesmo movimento. Unidas pelos braços, as duas começaram a girar sobre o tatame, aguardando o momento certo para tentar algo ousado.

França toma a frente e tenta uma rasteira, mas, por um mau posicionamento da perna direita acaba entregando à adversária a possibilidade de pontuar. Dali a poucos segundos Nerine é derrubada, tendo sobre si o corpo da menina que a subjugou, porém ela não se desespera e, em uma manobra técnica e rápida, ela consegue ficar por cima e aplicar uma chave de braço. Antes mesmo que a outra atleta se renda a dor e aplique os “três tapinhas” de desistência, o juiz encerra a luta.

Ao final, o combate é declarado como empatado, as duas ganham medalhas, se abraçam como se nunca tivessem sido adversárias e comemoram juntas. Depois sobem ao pódio à frente do banner do evento e se exibem para as dezenas de fotos que servirão para a recordação de um dia em que os maiores vencedores foram o esporte, a inclusão e união.

 




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